domingo, 9 de novembro de 2008

Carta a Angela

Retrato de Adele Bloch-Bauer
Gustav Klimt, 1907
Óleo, folha de ouro e de prata sobre tela, 138 × 138 cm
em Nova Iorque, Neue Galerie New York


Carta a Ângela


Para ti, meu amor, é cada sonho
de todas as palavras que escrever,
cada imagem de luz e de futuro,
cada dia dos dias que viver.

Os abismos das coisas, quem os nega,
se em nós abertos inda em nós persistem?
Quantas vezes os versos que te dou
na água dos teus olhos é que existem!

Quantas vezes chorando te alcancei
e em lágrimas de sombra nos perdemos!
As mesmas que contigo regressei
ao ritmo da vida que escolhemos!

Mais humana da terra dos caminhos
e mais certa, dos erros cometidos,
foste de novo, e sempre, a mão da esperança
nos meus versos errantes e perdidos.

Transpondo os versos vieste à minha vida
e um rio abriu-se onde era areia e dor.
Porque chegaste à hora prometida
aqui te deixo tudo, meu amor.

Carlos de Oliveira

2 comentários:

Guiço disse...

Prece

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.


Sophia de Mello Breyner Andresen
- No tempo dividido -

Anonymous disse...

Curiosa a força da poesia !!!
Para quem o que ela contém ?!
Como saber , poeta ?

RUNA