XX
Não, não é ainda a inquieta
luz de março
à proa de um sorriso,
nem a gloriosa ascensão do trigo,
a seda de uma andorinha roçando
o ombro nu,
o pequeno e solitário rio adormecido
na garganta;
não, nem o cheiro acidulado e bom
do corpo depois do amor,
pelas ruas a caminho do mar,
ou o despenhado silêncio
da pequena praça,
como um barco, o sorriso à proa;
não, é só um olhar.
Eugénio de Andrade,
in Branco no Branco
3 comentários:
E que belo olhar, o da imagem e o do poema!
Abraço
O olhar é como o espelho da alma!
Não se escuta..,mas vê-se.
gb
E tudo pode começar no relance de um olhar...ou para sempre ficar a nostalgia...
É mau...
Fbbc
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