terça-feira, 13 de abril de 2010

Insónia

INSÓNIA

Penso que sonho. Se é dia, a luz não chega para alumiar o caminho pedregoso; se é noite, as estrelas derramam uma claridade desabitual.
Caminhamos e parece tudo morto: o tempo, ou se cansou já desta longa caminhada e adormeceu - ou morreu também. Esqueci a fisionomia familiar da paisagem e apenas vejo um longo ondular de deserto, a silhueta carnuda e torcida dos cactos, as pedras bicudas da estrada.
Chove? Qualquer coisa como isso. E caminhando sempre, há em redor de nós a terra cheia de silêncio.
Será da própria condição das coisas serem silenciosas agora?

Carlos de Oliveira
Poesias, Portugália Editora

2 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Tu ofereces-nos "Insónia" e eu envio-te do mesmo autor e também do seu Trabalho Poético:

Sono

Dormir
mas o sonho
repassa
duma insistente dor
a lembrança
da vida
água outra vez bebida
na pobreza da noite:
e assim perdido
o sono
o olvido
bates, coração, repetes
sem querer
o dia.

Abraço

Anónimo disse...

Insónia é uma das minhas atividades noturnas que me permite muitas outras, entre elas conjeturar a solução dos vários problemas do dia a dia. Enquanto não me apaziguei com a insónia, passei mal...Então, acabei por fazer dela uma "companhia" útil e, como me ajuda no quotidiano e me permite fazer coisas de que gosto, até aprendi a mandá-la embora, quando não me convém. É uma questão de treino e de sobrevivência, já que remedinhos para dormir me entorpecem e me tiram "o esperto" da cabeça. Depois, com a vidinha resolvida, até se dorme bem. Haja quem possa e eu, agora, posso. Também na minha idade, não não se dorme tanto.
Um abraço e não hostizem a insónia
porque ela vinga-se.
Fbbc