Há palavras que nos beijam Há palavras que nos beijam Como se tivessem boca, Palavras de amor, de esperança, De imenso amor, de esperança louca. Palavras nuas que beijas Quando a noite perde o rosto, Palavras que se recusam Aos muros do teu desgosto. De repente coloridas Entre palavras sem cor, Esperadas, inesperadas Como a poesia ou o amor. (O nome de quem se ama Letra a letra revelado No mármore distraído, No papel abandonado) Palavras que nos transportam Aonde a noite é mais forte, Ao silêncio dos amantes Abraçados contra a morte. |
Alexandre O’Neill,
No Reino da Dinamarca, Guimarães Editores
4 comentários:
Agradeço-te o poema e reenvio-te para um de Eugénio de Andrade que conheces muito bem, com toda a certeza - "As Palavras" - e cuja última estrofe nos diz:
"Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?"
Abraço
É um meu poema preferido de Alexandre O’Neill...
Obrigada por o trazer aqui hoje.
L.B.
Um dos meus preferidos.
Faz tanto sentido...
Beijinho, obrigada*
Beijos, mesmo que só palavra, são sempre música sacra.
Quem os manda, quem os dá, quem os escreve, sabe bem o bem que faz.
Um só beijo, pode dar ânimo a quem há muito o havia perdido. Aquece a alma, revigora o coração, e, mesmo que faça cair lágrimas de saudade, é lenitivo da mesma saudade.
Beijos.
Fbbc
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