quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Eis que o mundo


Eis que o mundo de ti cai abolido
E tu ficas sozinho e muito longe
Com dois búzios do mar sobre os ouvidos
Ouvindo, só para ti, uma canção.

Assim as flores de dentro para fora
Se queimam sob o halo dos perfumes
E voltam para nós os olhos cegos
Estrangeiras a tudo no sabor
Duma substância angélica e terrível.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Coral, 1950

Sem comentários: