Nas sociedades tribais afegãs os casamentos são ajustados pelos pais, sempre por interesses económicos ou outros, mas sem conhecimento das noivas, que por vezes são obrigadas a casar com velhos ou crianças. A estes, nos landays, chamam "pirralho horrível". Não há landays a exaltar o amor conjugal, os landays exaltam sempre o amor pelo amante.
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O destino deu-me por esposo uma criança que eu educo
Mas quando ele for grande e forte, eu já serei velha e fraca
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Gente cruel que vedes um velho me levar para a sua cama
E perguntais porque choro e me arranco os cabelos
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Ó meu Deus, de novo ela está aí, a noite longa e triste
E de novo ele está aí, o meu "pirralho horrível" e dorme
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Vem amado meu, vem depressa para junto de mim!
O "horrível pirralho" dormita e tu podes beijar-me
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Deitada quero possuir o meu amante
Mas ele tem medo. Receia que o "horrível pirralho" acorde
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Ó "horrível pirralho", pega na tua arma e mata-me
Enquanto for viva não renunciarei ao meu amante
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Ó Deus leva este velho esposo
Que de noite me vigia e de dia dorme
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Olhai do esposo a horrível tirania:
Bate-me e proíbe-me de chorar
* * *
Se não estás louco de amor por mim
Não provarás a polpa dos meus lábios
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Se me beijas a boca, tens de me dar o coração
Os que saem da minha cama deixam em penhor o coração
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in A Voz Secreta das Mulheres Afegãs
O suicídio e o canto
Versão de Ana Hatherly
Editora Cavalo de ferro
Não faltes , já só faltam
Há 11 anos
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