
Landay é poesia popular afegã, breve, em que a mulher é autora e sujeito. Mulher vivendo numa sociedade tribal, onde o homem tem direitos e a mulher deveres.
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Em segredo ardo, em segredo choro
Sou a mulher patshun que não pode revelar o seu amor
* * *
Beija-me ao esplendor vivo da lua
Nos nossos costumes é em plena luz que damos a boca
* * *
Que Deus te proíba todo o prazer em viagem
Já que me deixaste adormecida, insatisfeita
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Poisa a tua boca na minha
Mas deixa a minha língua livre para te falar de amor
* * *
Meu Deus que fizeste de mim?
As outras são flores desabrochadas e tu deixas-me em botão
* * *
Ó Primavera, as romãzeiras do meu jardim estão em flor
Guardarei para o meu amor ausente as romãs dos meus seios
* * *
A noite passada dormias nos meus braços
Esta noite, longe de mim, como terás descanso?
* * *
Num instante serias um monte de cinzas
Se sobre ti lançasse o meu olhar inebriante
* * *
Estás ébrio porque eu te sorri
Ficarias louco furioso se te oferecesse a minha boca
* * *
O meu amor prefere as flores sensatas dos jardins
Mas eu, tulipa selvagem, desfolho-me na planície sem fim
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in
A voz secreta das mulheres afegãs
o suicídio e o canto
versão de Ana Hatherly
Editora Cavalo de Ferro
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