sábado, 30 de agosto de 2008

Em todos os jardins



Em todos os jardins hei-de florir



Em todos os jardins hei-de florir,

Em todos beberei a lua cheia,

Quando enfim no meu fim eu possuir

Todas as praias onde o mar ondeia.



Um dia serei eu o mar e a areia,

A tudo quanto existe me hei-de unir,

E o meu sangue arrasta em cada veia

Esse abraço que um dia há-de abrir.



Então receberei no meu desejo

Todo o fogo que habita na floresta

Conhecida por mim como num beijo.



Então serei o ritmo das paisagens,

A secreta abundância dessa festa

Que eu via prometida nas imagens.



Sophia de Mello Breyner Andresen

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