terça-feira, 19 de agosto de 2008

Prisão...!



Tenho amor, sem ter amores.



Este mal que não tem cura,

Este bem que me arrebata,

Este rigor que me mata,

Esta entendida loucura

É mal e é bem que me apura;

Se equivocando os rigores

Da fortuna aos desfavores,

É remédio em caso tal

Dar por resposta ao meu mal:

Tenho amor, sem tenho amores.



É fogo, é incêndio, é raio,

Este, que em penosa calma,

Sendo do meu peito alma,

Da minha vida é desmaio:

E pois em moral ensaio

Da dor padeço os rigores,

Pergunta em tristes clamores

A causa da minha aflição,

Respondeu o coração:

Tenho amor, sem ter amores.



Soror Madalena da Glória (1672- ?)

in Poemas de Amor


Antologia de poesia portuguesa


Publicações D. Quixote

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