quinta-feira, 3 de julho de 2008

Porto seguro!



Há uns anos, integrado num workshop internacional coube-me ser o relator de um grupo de trabalho que se debruçou sobre o trabalho de equipa de saúde mental na comunidade. Os conceitos debatidos servem para qualquer equipa que trabalhe na comunidade, seja qual for a sua área de intervenção.

Uma das conclusões definidas referia que deveria haver a possibilidade de a equipa regressar a um “porto seguro”, depois do trabalho no “mar alto”, para avaliar em conjunto o trabalho efectuado e “carregar baterias” para novas actividades.

A equipa seria um barco que navegaria constantemente entre o mar alto e o porto seguro.

Pela vida fora fui verificando que todos nós, na vida profissional e na pessoal, precisamos de um porto seguro, onde possamos recolher, curar as “feridas” da batalha que a vida actualmente nos coloca e ganhar ânimo para continuar. Quer profissionalmente, quer pessoalmente.

Em termos pessoais é indispensável a existência de “um porto seguro” onde repousar a "alma" e encontrar o equilíbrio necessário para podermos suportar e ultrapassar as perdas, angústias, rotinas, frustrações, roturas e afastamentos que acontecem nas nossas vidas. Muitas vezes seremos barcos e portos seguros, simultaneamente. Não é fácil ser "porto seguro" e mais difícil é ser ambas as coisas.

O "porto seguro" deve ser um espaço e um lugar, vivo, alegre, buliçoso, com afecto, tolerância, compreensão, cumplicidade e partilha de "estados de alma", salpicado, aqui e ali, de alguma dor e angústia.

Tem de ser construído, com esforço, no dia a dia.

Felizes os que podem partilhar um “porto seguro”.



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