segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Bebido o luar

Lovers in the moonlight

Marc Chagal



Bebido o luar



Bebido o luar, ébrios de horizontes,

Julgamos que viver era abraçar

O rumor dos pinhais, o azul dos montes

E todos os jardins verdes do mar.



Mas solitários somos e passamos,

Não são nossos os frutos nem as flores,

O céu e o mar apagam-se exteriores

E tornam-se os fantasmas que sonhamos.



Por que jardins que nós não colheremos,

Límpidos nas auroras a nascer,

Por que o céu e o mar se não seremos

Nunca os deuses capazes de os viver.



Sophia de Mello Breyner Andresen

2 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Todo o homem é uma ilha...
Às vezes lá vamos colocando umas pontes levadiças...

Abraço

mc disse...

Somos meros usufrutuários de tudo o que nos rodeia e que nem sempre tratamos com o desvelo e o carinho que nos merece ou devia merecer.
Há o remeter a uma caverna de interiores e à ideia de que é necessário assumir que há limites à actividade humana,que não é divina.Há ecos gregos, tão do gosto da Autora.