Marc Chagal
Bebido o luar
Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.
Sophia de Mello Breyner Andresen
2 comentários:
Todo o homem é uma ilha...
Às vezes lá vamos colocando umas pontes levadiças...
Abraço
Somos meros usufrutuários de tudo o que nos rodeia e que nem sempre tratamos com o desvelo e o carinho que nos merece ou devia merecer.
Há o remeter a uma caverna de interiores e à ideia de que é necessário assumir que há limites à actividade humana,que não é divina.Há ecos gregos, tão do gosto da Autora.
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