segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Passamos pelas coisas sem as ver


XXXIV

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos como animais envelhecidos;
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos:
como frutos de sombra sem sabor
vamos caindo ao chão apodrecidos

Eugénio de Andrade
As mãos e os frutos

5 comentários:

Guiço disse...

...
" E se não choras, do que costumas chorar?"

Inferno
Dante

pin gente disse...

eu digo sempre o mesmo de eugénio de andrade... palavras simples que falam tanto!

um abraço
luísa

Tere disse...

Tal é a vontade do ter que a pressa é tal que não há tempo de ver e viver com qualidade. Bjs

Rosa dos Ventos disse...

Triste! :-((

Abraço

mc disse...

Este poema suscita-me a impressão que guardo do autor deste poema gerada num encontro em que o vi e ouvi e... não gostei.E que confirma a questão debatidíssima da necessidade ou vantagens de conhecer o autor , qualquer autor, para perceber a sua obra.